quinta-feira, 20 de março de 2008

Minha Solidão


"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite." (Clarice Lispector)


Ultimamente a minha vida tem se tornado uma meia solidão. Eu já não encontro a verdade nos olhos das pessoas que me cercam, e simplesmente isso dói de um jeito tremendamente terrível.


Eu só não consigo entender como Clarice Lispector conseguiu achar a força na sua própria solidão. É tão duro sentir que você não pertence a um determinado local. E mais duro ainda é perceber que nem tudo parece ser o que realmente é. Eu me encontro em uma situação muito complicada, dentro de mim, existe uma incoerência constante que não me permite ver as coisas como elas são.


Eu sempre fui assim. Eu sempre via chifre na cabeça de um cavalo e achava aquilo a coisa mais normal do mundo. A questão é que eu nunca aprendi direito como analisar uma situação, sem me envolver demais com todo o contexto que a cerca. E é aí que eu me confundo e acabo vendo tudo invertido.


Eu já não sei distinguir entre a verdade e a mentira, e isso me assusta porque eu não quero ter que mais uma vez olhar tudo que eu construí e simplesmente deixar tudo pra trás para não ter que enfrentar a coisa realmente de frente. Dessa vez eu quero fazer diferente. Eu quero enfrentar o mundo com toda a força que habita dentro do meu ser. E como eu quero.


Mas me falta uma coisa que eu nunca tive e talvez eu nunca tenha, coragem. Eu sei que eu vou sair ganhando ao máximo se eu enfrentar tudo de frente, sem olhar para trás, mas me falta coragem. E além da coragem, me falta bom senso. Bom senso esse que iria permitir que eu fosse além das barreiras visuais e visse toda a verdade crua, sem máscaras.


E é justamente aí que na minha opnião, habita o grande mal da humanidade. Nas máscaras que usamos todos os dias para sair de casa. E usamos essa máscara incansavelmente até um dia ela se quebra, e por um único instante vemos todas as nossas angústias através do espelho que reflete as coisas como elas são aparentemente. No espelho, as angústias e problemas não são tão bonitos como debaixo daquela máscara tão querida por nós humanos. E isso nos assusta. Assusta tanto que na primeira oportunidade, nós compramos uma nova máscara e repetimos esse ciclo vicioso que acaba nos levando ao mundo da ilusão onde nada é realmente o que é.


Quando percebemos que tudo aquilo era uma ilusão criada por nós mesmos, a coisa toma uma proporção assustadora, e percebemos que as máscaras não eram tão úteis assim. Elas são frágeis e sempre que quebram, nos mostram seres estranhos com sentimentos estranhos que tentamos sempre esconder. Mas é aí que mora a cilada. Sempre chega o dia em que cansamos de usar artifícios que nos escondem daquilo que realmente somos.


E esse dia pra mim chegou. Eu não quero mais ter que fingir que eu gosto das pessoas quando na verdade eu não suporto olhar para elas e ver estampadas em seus olhos a falsidade e a mentira. Mas eu não preciso ser estúpida ou grossa para mostrar a ela o quanto eu não gosto dela. Basta eu ficar quieta com meus pensamentos e conviver com aquele sentimento. Eu também não preciso tentar ser amiga dela, porque na verdade, uma amizade nunca vai brotar de um sentimento ruim, assim como uma árvore não vai nascer em meio ao deserto.


E a única coisa que eu posso fazer por mim mesma nesse momento, é seguir em frente, encarar o mundo com todas as minhas forçar e nunca desistir dos meus objetivos. E acima de todas as outras coisas, gostar de quem gosta de mim.


Aviso aos navegantes: Pripa, eu preciso muito de tu. Mais do que nunca, eu acho.


- hugs and kisses -